- 10 de fevereiro de 2021

Humus: O que é, como se forma e qual sua importância.

Se você lida com agricultura orgânica, ou mesmo agricultura e plantas de um modo geral, provavelmente já cruzou com o termo húmus, seja para falar do solo, de minhocas ou matéria orgânica. Mas afinal, o que exatamente é o Húmus? Apesar de ser um termo recorrente, essa não é uma pergunta de resposta simples.

Em uma definição clássica: “O húmus, matéria marrom-escura da camada superficial do solo, é produzido pela decomposição de matéria vegetal e animal. O húmus é rico em carbono e geralmente ácido devido ao seu conteúdo de ácido húmico. Aumenta o potencial de armazenamento de água do solo e produz ácido carbônico, que desintegra os minerais.” Esse conceito da palavra húmus está presente em um verbete da Brockhaus Enzyklopädie, tradicional publicação alemã.  Seguindo essa definição, podemos dizer que o húmus é uma fração (parte) do solo, situada na camada mais superficial, rica em matéria orgânica e importante para a manutenção da saúde do solo, por conta de suas múltiplas funções e propriedades.

O húmus se forma como resultado da complexa interação, entre elementos orgânicos, inorgânicos e criaturas da biologia do solo, como micróbios, nematóides e minhocas. Ou seja, a formação de húmus é um processo biológico onde os organismos que habitam o solo transformam a matéria orgânica nele disponível. Por conta disso muitas pessoas entendem como húmus o produto de minhocários, o chamado vermicomposto, originado da decomposição da matéria orgânica (resíduos orgânicos e esterco, por exemplo) – é muito comum pessoas irem até agropecuárias e buscarem “húmus de minhoca” para seus jardins ou hortas caseiras.

Alguns dos benefícios conhecidos do húmus para a agricultura:

  • O processo que converte a matéria orgânica do solo em húmus alimenta a população de microrganismos e outras criaturas do solo, mantendo níveis elevados e saudáveis ​​de vida no solo.
  • A decomposição de material vegetal morto faz com que compostos orgânicos complexos sejam transformados em substâncias húmicas (ácidos fúlvicos e ácidos húmicos), muito importantes para a fisiologia das plantas e sua nutrição.
  • O húmus aumenta a capacidade de troca catiônica do solo (a famosa CTC), daí sua capacidade de armazenar nutrientes por quelação – desas forma os nutrientes permanecem disponíveis para as plantas, mas são mantidos no solo e impedidos de serem lixiviados pela chuva ou irrigação.
  • O húmus pode conter o equivalente a 80-90% de seu peso em umidade sendo um importante reservatório de água, aumentando a capacidade do solo de resistir à seca.
  • A estrutura bioquímica do húmus permite que ele moderar, ou seja, tamponar, as condições excessivas de solo ácido ou alcalino.
  • O processo de humificação pela ação de microrganismos do solo aumenta a aeração do solo, importante para o crescimento saudável das plantas.
  • Substâncias tóxicas, como metais pesados ​​e nutrientes em excesso, podem ser queladas, ou seja, ligadas às moléculas orgânicas de húmus, evitando sua lixiviação.
  • A cor escura, geralmente marrom ou preta, do húmus ajuda a aquecer os solos frios em determinadas regiões, aumentando a atividade biológica da vida no solo.
  • O húmus pode contribuir para a mitigação das mudanças climáticas por meio de seu potencial de sequestro de carbono.

A pesquisa agropecuária no Brasil, através da Embrapa e outros órgãos de fomento e pesquisa, recomenda a adoção do húmus nos cultivos como uma alternativa ambiental e agroecológica à adubação química, já capaz de ajudar a reciclar nutrientes nas propriedades rurais, transformando resíduos orgânicos em nutrientes disponíveis para as plantas – é por isso uma técnica ao mesmo tempo sustentável e ecológica.

A produção de húmus por meio de minhocários é uma técnica relativamente simples e economicamente viável para pequenas propriedades, já que depende da mão de obra do produtor e da produção de resíduos na propriedade. Caso a disponibilidade de mão-de-obra seja baixa, também pode-se adotar a estratégia de promover condições para estimular a presença de minhocas e outros organismos, por meio do aumento da matéria orgânica no solo como se a própria lavoura reproduzisse as condições que se observam no minhocário. Abaixo você pode ver um vídeo bem conhecido ensinando sobre Minhocultura que traz detalhes sobre as técnicas de produção e seu uso:

De todo modo o húmus, seja ele obtido por meio da vermicompostagem ou da promoção da biologia do solo, é fundamental em uma estratégia de transição agroecológica e produção orgânica. Dado seus inúmeros benefícios, pode maximizar a fertilidade do solo e o potencial dos resíduos gerados na propriedade.